Projeto El Condor, parte final.



Setembro 2010.

Dia 15.
Após deliciosas media lunas com geléia de durazno no “desayuno”, seguimos em direção ao Cerro Catedral, distante 19 km do centro de Bariloche. Aqui é uma das mais importantes estações de esqui da América do Sul. Esta estação é muito bem estruturada, possui vários teleféricos e bondinhos para transportar os esquiadores até o cume, vários restaurantes, lojas para venda ou aluguel de equipamento para esquiadores, atividades destinadas a crianças (aulas de esqui), hoteis, enfim, são 600 hectares com mais de 70km de caminhos e pistas para esquiadores de todos os níveis. Completo, apesar da pouca neve neste final de inverno. Depois de conhecermos tudo, resolvi deixar para esquiar no dia seguinte, uma vez que não estava vestida para essa aventura. Sim, eu possuo roupas apropriadas para esquiar. Trouxe-as dos Estados Unidos após uma longa temporada morando num estado muito frio por aquelas bandas…

Seguimos para um passeio que compreendeu  65 km do Parque Nacional Nahuel Huapi, o Cicuito Chico. Esse Cicuito passa pela Playa Blanca até a peninsula de Llao Llao, margeando o Lago Nahuel Huapi e adentrando bosques de ciprestes até o Cerro Campanário. Um lugar belo, com paisagens de tirar o fôlego.

À noite jantamos num excelente restaurante, da Família Weiss, Restaurante de Montanha. Fomos recepcionados por uma bahiana na entrada. Degustei uma deliciosa Truta com ervas e o Gima seu clássico Bife de Chorizo.  Aqui em Bariloche se paga com peso argentino, real, dolar ou peso chileno, é tudo aceito. Caminhamos pela rua principal, Bartolomé Mitre, mas o frio e o vento nos mandaram de volta para o hotel antes do programado.
Dia 16.

Hoje matei a saudade de esquiar. Sozinha, uma vez que este esporte não é a praia do Gima. Fomos ainda na parte da manhã para o Cerro Catedral, aluguei o equipamento: esqui, botas e bastões e seguimos em direção ao guichê de compra do passe para os teleféricos e bondinhos. Tudo ficou em $ 175,00.

Resovi treinar um pouco antes de subir a montanha, mas é como andar de bicicleta, o cérebro não esquece mais. E lá fui eu, rumo ao topo. Lá em cima, na parte da montanha que escolhi, é outra “cidade”. Tem restaurante, aulas de esqui, muita gente treinando antes de pegar o caminho para baixo. Desci do teleférico segurando meus esquis e bastões e escolhi um caminho menos íngreme para minha descida. Foi muito bom…Segui as plaquinhas verdes, que indicavam descida mais fácil, rs… Fui levar meu primeiro e único tombo na chegada, isso porque havia uma pedra e um brasileiro caído na curva do caminho. O Gima me seguia de binóculos lá de baixo. Desci e subi de novo. Este processo levou em media três horas. Enquanto eu subia e descia esquiando, o Gima tomava chocolate quente, lia, passeava pelo complexo do Cerro e tirava fotos. No final da tarde eu estava exausta mas realizada! Voltamos para o hotel. Nada como um bom banho quente para aquecer novamente.
Jantamos uma boa pizza, caminhamos um pouco e fomos dormir.
Dia 17.


Hoje conhecemos a Colônia Suiza que há no percurso do Caminho Chico, pequena colônia povoada por suiços desde o início do século. 
Visitamos o Cemitério del Montañes, onde estão enterrados alguns montanhistas da região e decidimos não subir de bondinho no Cerro Otto porque estava nublado. Não veríamos nada lá de cima. Fomos almoçar um delicioso cordeiro patagônico. Após nossa siesta, fomos passear para mais fotos, chocolate quente e compras de chocolate para os amigos. 

Ah, e passeamos, também, pelo Centro Cívico no coração de Bariloche, constituido por prédios rústicos que abrigam a Secretaria de Turismo e o Museu da Patagônia.

Este Centro é hoje Monumento Histórico Nacional. Havia muita gente tirando fotos com cachorros São Bernardo que estavam expostos na praça pelos seus donos, que cobravam por essas fotos. É claro que Gima e eu tiramos fotos dos “perros”, mas não pagamos por elas, rs… afinal, tiramos fotos "dos" cachorros e não "com" os cachorros.
 Visitamos a Catedral Nuestra Señora del Nahuel Huapi, uma belíssima igreja toda em pedra em estilo neogótico.


De volta ao hotel, o início da parte ruim da viagem, preparar para voltar para casa. Iniciaríamos nossa jornada de volta no dia seguinte.
Dia 18.
Saimos bem cedo de Bariloche, pois tínhamos um longo percurso até Neuquén e uma parte bem desértica da Província de La Pampa para percorrermos. Paisagens belíssimas nos acompanharam até perdermos de vista a Cordilheira dos Andes que foi nossa companheira em grande parte desta jornada, principalmente do lado chileno. O Rio Limay, que margea a RN 237, em direção à Neuquén, também nos proporcionou paisagens arrebatadouras.
Dormimos em Santa Rosa, na Província de La Pampa.
Dia 19.
Seguimos viagem em direção a Venado Tuerto, sim, Veado Torto, é este o nome da pacata cidade no interior argentino, Rosário, onde nasceu o lendário guerrilheiro Che Guevara, e Santa Fé, capital da Província de mesmo nome.  É nesta planície que se cria uma das maiores riquezas da Argentina, o gado.  Muito pasto e muitas fazendas com entradas cinematográficas.
Não conseguimos chegar a Santa Fé com dia claro, então resolvemos dormir na pacata cidade de Coronda, distante 58 km de Santa Fé.
Dia 20.
Boas estradas, assim podemos definir a malha rodoviária argentina.

Saindo de Coronda em direção a Santa Fé, e em seguida atravessando o túnel subfluvial que liga Santa Fé à Cidade de Paraná, sob o Rio Paraná, seguimos toda manhã sem maiores  interesses. Este túnel foi inaugurado em 1969 e leva o nome de Raul Uranga-Carlos Sylvestre Begnis, governadores das duas províncias, ligadas pelo túnel, na época de sua construção. A estrutura do túnel tem uma longitude de 2.937 metros, e em sua cota mais profunda, o teto do túnel encontra-se a uns 32 metros abaixo da superfície do rio.
Chegamos a Santo Tomé, já na província de Corrientes para pernoitar. Esta cidade é vizinha de São Borja, no Rio Grande do Sul, Brasil. A Ponte da Integração liga os dois países e há um intenso tráfico fronteiriço.

Dia 22.

Neste dia chegamos a Foz do Iguaçu.
Saímos de Foz no inverno e retornamos na primavera. A viagem perfeita, sem nenhum contratempo, o carro sempre no mais perfeito estado e tudo aconteceu conforme planejamos. Sim, a viagem perfeita, a companhia perfeita, os lugares perfeitos...
Argentina, Chile, depois Argentina de novo e de volta ao Brasil. Foram 8.400 km percorridos.
Agora é fazer planos para nossa próxima viagem e com direito a outro "Diário de Bordo".

Dedicamos essa viagem a nossos pais, que nos levaram a lugares incríveis por este Brasil e pelo mundo quando ainda éramos muito jovens e nos mostraram o caminho para a aventura, a descoberta e o conhecimento.
Para Victório Basso e Maricota, pais do Gima e Arédio Teixeira Duarte e  Cida, meus pais.

Curiosidades da Argentina:
_ Para se anunciar que um carro está a venda, los hermanos colocam uma carrafa peti ou um galão de plástico em cina do carro.
_ Quando um caminhão ou um carro, que está a nossa frente, quer indicar que o caminho está livre para ultrapassagem, eles dão a seta do lado esquerdo e não do lado direito, como fazemos no Brasil.
_ Há muito cachorro solto, sem dono, pelas grandes cidades Argentinas.

Curiosidades do Chile:
_ Há, também, muito cachorro solto pelo Chile e um morador da cidade de Santiago nos disse que a população ajuda a manter esses animais nas ruas e os observam sempre, atentamente, pois eles anunciam, com um comportamento diferente, que um terremoto está por vir.