Marrocos e o Saara.

Setembro 2012.
Marrakech, a "Cidade Vermelha".

A decisão de conhecer o norte da África veio de uma conversa que tivemos com meu genro, Felipe Tagliari, vulgo Pipo :). Lembro-me dele nos perguntar se queríamos fazer uma viagem de turismo convencional pela Europa ou se gostaríamos de acrescentar uma aventura diferente ao nosso roteiro... 
Que dúvida!!!!!
Pipo foi muito importante na logística de nossa viagem, e com sua experiência e dicas, então Marrakech seria!
Saímos  de Paris às 8:30 da manhã do dia 05 de setembro num vôo da Ryanair, esse vôos low cost, onde você só pode levar uma bagagem de mão, "nossas mochilas". Você até pode ter o número de malas que quiser, mas pagará por elas bem mais do que pagou por você, hehehe...



No aeroporto de Marrakech, nosso, agora amigo, Abdellah nos aguardava com aquelas plaquinhas: Mr. Gilmar Basso and Mrs. Ana Maria Basso. O aeroporto é muito moderno. Acostumada com o de Goiânia... Fomos de van até o centro da medina e conhecemos as instalações de sua empresa de turismo. Combinamos tudo para a manhã seguinte, quando sairíamos logo cedo para o deserto. Pagamos sessenta euros por pessoa pela aventura, que na moeda deles, "dirham", equivalia a seissentos dirham e contratamos um guia para conhecermos o cidade de Marrakech e o mercado. Recomendo essa turma, muito amáveis e competentes.
Trips and Tours Organisation des Excursions.  B.P 9797 - Marrakech - Medina 40034.

Abdellah.

Em seguida ele nos levou ao hotel, "riad",  aliás, um amor de riad, "Riad Alwachma", muito aconchegante. Fomos recepcionados com chá e bolachas. Tudo muito silencioso, todos falando baixinho, o barulho da água da fonte... me senti num mosteiro. Muita paz dentro do riad. 



Mas nas ruas, LOUCURA!!!
Na Medina, onde a cidade é fortificada está a parte antiga. Há, também, uma cidade moderna, adjacente, chamada de Gueliz. 
Na parte antiga (medina) está localizada o maior mercado tradicional do país, que abriga acrobatas, vendedores de água, músicos com suas serpentes, barracas de comida e tudo mais.


 Ele quer que o Gima pegue na cobra... kkkkkkkk


Marrakech é a segunda maior cidade do Marrocos, após Casablanca, e conta com numerosos monumentos considerados "Patrimônio da Humanidade", o que a converte na principal atração turística do país.

 No mercado da Medina


 Muito artesanato. Tudo muito lindo. São lustres, luminárias, feitos alí mesmo.

 Vende-se de tudo.

Fabricação das luminárias.



Nunca se sabe o valor real das coisas, pois os vendedores dão o preço e você acaba pagando o  "seu" preço. Se você não se interessa pelo produto, responde em português, achando que o vendedor vai desistir de te oferecer, mas aí você descobre que ele fala português também, é incrível, eles falam várias linguas!!


 Tapetes lindos. Só que só pra olhar. Nesta viagem, somos mochileiros! Quem sabe um dia eu volto e compro muiiito, rs.

 Estamos perdidos, Sr. guía?

Palacio Bahia, construído no final do século XIX, em estilo Marroquino. Seu nome significa "brilho". Um sultão construí-o para uma de suas esposas.

Este é meu sultão, mas só de uma esposa! Hum!



Fomos almoçar. Nossa, e agora, o que pedir? Falá-se muito francês por aqui, pois o Marrocos já foi uma colônia da França, mas ficamos na mesma, não entendíamos o cardápio em francês, :). Uma palavra em inglês aqui, outra ali... 

Pedimos Kafta de carne moída e de frango, arroz com azeitonas e batatas fritas. Tudo muito temperado!!!

O detalhe da coca cola.

Passeamos até a noite pela medina e pelo mercado. O trânsito em Marrakech é dividido por pedestres, carros, muitas motos, carroças, e sem nenhum tipo de sinalização, sem exagero, e ninguém se atropela. Fiquei impressionada.


Na manhã seguinte seguiríamos para o Deserto do Saaha, passando por Ouarzazate, há 380 km dali.

Já, logo cedo, nos preparamos para nossa aventura. Nosso host no "riad" nos serviu um bom café da manhã e a van nos pegou na porta. Eram  08:00 da manhã.




A caminho do deserto, atravessamos a cadeia de montanhas Atlas, ao noroeste da África, que abrange o
Marrocos, a Argélia e a Tunísia. Foi uma viagem por uma estrada cheia de curvas, cruzando com caminhões carregados, dirigindo por curvas estreitas e precipícios e uma paisagem estonteante! Nosso motorista dirigia com muito cuidado. Gima e eu sentamos na frente, ao seu lado, um local privilegiado da van, pois podíamos  apreciar a paisagem em primeira mão.


 

Cadeia de montanhas Atlas.



Paramos em vários locais para apreciarmos a paisagem e tirar fotos. Nosso grupo era constituído de seis casais, alguns espanhóis, outros australianos e ingleses. Nos comunicávamos mais em inglês, pois vi que meu espanhol é péssimo. Preciso estudar. :(



Aqui é uma vila no deserto, na região de Ouarzazate, onde cenas de vários filmes foram filmadas, como O Gladiador, Babel... Este lugar chama-se Kasbah Ait Benhaddou.


 É um escorpião!


 Kasbah Ait Benhaddou.

No alto de Kasbah Ait Benhaddou.

O instrumento que este senhor tocava, eu nunca tinha visto.


Alí mesmo, em  Kasbah Ait Benhaddou, almoçamos. Pedimos uma salada e carne de frango.


Nossa van.


Aqui é o Vale do Draa, onde iniciaríamos nossa jornada de camelo. Na verdade eram dromedários, pois camelos possuem duas corcovas, enquanto os dromedários possuem só uma. 
Lá, nos aguardavam guias berbères, que nos levariam até nosso acampamento. Todos muito amáveis e alegres. Cantamos, rimos, éramos uma caravana multicultural.


Muito legal!!!!





Sigam-me!!!

Andamos de camelo, ou melhor, de dromedário, por mais de uma hora até chegamos no nosso acampamento. Já era noite.


Quando descemos dos camelos, pisamos numas pedrinhas redondinhas... fiquei imaginando o que aquelas pedrinhas estavam fazendo alí, na areia... Só no dia seguinte que vimos que são fezes dos camelos. Redondinhas, interessante. kkkk. Para um bicho daquele tamanho, você imagina algo maior. 




Conhecemos nossa barraca, a qual dividiríamos com um casal de espanhóis e  nos sentamos ao redor de uma fogueira, onde nos serviram chá e bolachas. 


Isabel e Antônio, nossos amigos espanhois.



Fomos jantar numa tenda ricamente decorada com tapetes, velas.... Nos serviram uma sopa de entrada, legumes com frango como prato principal e frutas de sobremesa. Diferente e bom.





Depois voltamos a sentar ao redor da fogueira, onde os  berbères começaram um show com tambores e canções na língua deles. Gima também tocou e eu dancei muito.
Gente, que experiência incrível!!! Somos mesmo tão pequenos nesse mundo...existe tanto pra se viver, conhecer... e quase sempre nos apegamos a tanta futilidade...

Muito feliz!



Ver o sol nascer no Saara é algo inexplicável, surreal! O som do vento é tudo o que você ouve.
Na noite anterior, o céu estrelado era tão lindo quando o do Araguaia, em Goiás, quando acampamos no mês de julho, só que com outras constelações. Não se vê o Cruzeiro do Sul nem as Três Marias.



O deserto convida ao silêncio, à reflexão, fazendo de nossa experiência algo ainda mais especial.

Nossa barraca.

Nossa sombra.

Aqui foi quando observamos as "pedrinhas" na areia, rs...

Fazendo amizade.

A tenda onde fizemos nossas refeições.

Aqui é dentro de nossa barraca, bem diferente da que usamos no Araguaia.
À noite a temperatura cai muito, e todos esses cobertores foram usados. Não posso deixar de mencionar que nosso acampamento possuía banheiros equipados. Ficavam bem longe do acampamento. Ir durante a noite, sozinha... hehehe... sem chances!


Depois de tomarmos o café da manhã, organizamos nossa caravana para partirmos. Bateu uma leve tristeza neste momento, pois estava chegando ao fim algo muito esperado, nossa aventura no Saara. Mas o prazer que essa solidão acompanhada no deserto me trouxe vou levar para sempre.




Nosso retorno até a van foi cheio de música.





Fila Marroquina.


Meu amigo Mohamed.


Aqui estamos passando pelas Montanhas Atlas em direção à Marrakech.
Paramos em Ouarzazate para almoçarmos e conhecer a cidade que é portão de entrada para o Deserto do Saara.
Quando o Paris-Dakar acontecia na África, o rally passava por aqui.

Minha amiga australiana que mora em Londres e viaja o mundo de mochilão.


O museu do cinema estava fechado. Fazia um calor terrível aqui. Só queríamos sombra e como se pode ver pela foto abaixo, sombra é coisa rara por aqui.




Mais Atlas e precipícios. A viagem de volta foi muito cansativa. Chegamos em Marrakech às sete da noite, nos despedimos da turma que talvez nunca mais veremos e jantamos num restaurante próximo à agência de turismo de nosso amigo Abdellah. Depois passamos por lá, nos despedimos dele e pegamos um taxi em direção ao aeroporto. Nosso vôo sairia às duas da manhã em direção a Barcelona.


Adeus Marrocos. Foi um prazer imenso te conhecer! Você me fez ver a vida de forma mais simples e descomplicada. Quero mais é vivê-la ouvindo o barulho do vento, admirando o céu estrelado e sentindo a brisa que vem do deserto ou do mar.

"Enquanto procurei meu tesouro, descobri no caminho coisas que jamais teria sonhado encontrar, se não tivesse tido a coragem de tentar coisas impossíveis aos pastores."
Paulo Coelho.

Ola, Barcelona! Cómo está usted?